Neste Ano Internacional da Astronomia












Duas luas no dia 27? Impossível, diz quem sabe...

Por Nuno Crato

DESDE QUE, EM 27 DE AGOSTO de 2003, Marte se aproximou espectacularmente do nosso planeta, que a imaginação de alguns internautas se inflamou com as notícias. Repescando e exagerando as informações que na altura circularam, todos os anos têm surgido de novo na Internet mensagens chamando apelando à observação dos céus na noite de 27 de Agosto. Este ano, ou porque o Verão tem estado menos quente, ou porque as notícias da política ou do futebol são menos animadoras, as mensagens surgem com redobrado vigor e muitos amigos me têm escrito, perguntando se é verdade que Marte vai aparecer tão grande como a Lua, como se diz nessas notícias.

Tomando como amostra os meus amigos, que prezo como pessoas sensatas — bem… quase todos! —, imagino que muitos curiosos haverá que estejam crédulos nessas notícias fantasiosas. Lamento desiludi-los, pois seria engraçado ver duas luas no céu, uma prateada e outra avermelhada. Nada disso vai acontecer. Dia 27 de Agosto, pela meia noite e meia, hora que se anuncia nas mensagens, Marte estará ainda adormecido debaixo do horizonte. Levanta-se pelas 2h da madrugada, pelo que apenas estará visível no céu para os mais noctívagos. Mesmo assim, terá uma luminosidade modesta. Não muito longe do planeta aparecerá, à sua direita, a estrela Aldebarã, de Touro, também avermelhada, mas mais luminosa do que Marte agora está.

Convém também que se diga que nunca o planeta vermelho nos poderá aparecer com tamanho aparente semelhante ao da Lua. Este nosso satélite e o Sol são os únicos dois astros que são visíveis a olho nu como discos luminosos. Todos os outros se encontram muito mais longe que a Lua e são tão mais pequenos que o Sol que, a olho nu, o seu tamanho aparente nunca é distinguível — aparecem-nos sempre como simples pontos luminosos.

A altura em que Marte é mais espectacular é a da chamada oposição, momento em que, para observadores sobre a Terra, se encontra na posição oposta à do Sol e, por isso, está frontalmente iluminado pela nossa estrela. Nessa altura está também mais perto de nós do que é usual.

Imagine o leitor que a Terra e Marte são dois corredores em pistas circulares concêntricas. A Terra é o corredor na pista mais perto do centro do estádio, por isso ligeiramente mais curta, e Marte é o corredor na pista mais afastada. A Terra dá uma volta ao estádio mais depressa do que Marte. Se os dois corredores começarem a correr, cedo estarão em pontos espalhados pelo estádio até que o corredor interior, representando a Terra, dando voltas mais rápidas, se aproxima por trás de Marte, mais lento. No momento em que estiverem ambos lado a lado, com a Terra a ultrapassar Marte, estão mais perto um do outro do que em qualquer outra posição. Nessa altura, a Terra tem à esquerda o centro do estádio, que representa o Sol, e à direita, portanto em posição oposta, estará Marte. Foi o que aconteceu em 2003, 2005 e 2007. Não este ano.

Se o leitor quiser observar o planeta vermelho em oposição — e o espectáculo vale a pena —, esqueça os dislates excêntricos dos amantes de notícias estapafúrdias. Espere apenas seis meses. Em 29 de Janeiro de 2010 terá oportunidade para ver Marte com um brilho espectacular. Até lá, neste Ano Internacional da Astronomia, contente-se com Júpiter, que aparece bem luminoso a sudeste logo que o Sol se põe. E tenha boas férias!


«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 22 de Agosto de 2009

... dá que pensar! Asim são os simples...



O padre de uma Igreja decidiu observar as pessoas que entravam para orar.
A porta abriu-se e um homem de camisa esfarrapada entrou pelo corredor central.
O homem ajoelhou-se, inclinou a cabeça, levantou-se e foi embora.
Nos dias seguintes, sempre ao meio-dia, a mesma cena se repetia.
Cada vez que se ajoelhava por alguns instantes, deixava de lado uma marmita.
A curiosidade do padre crescia e também o receio de que fosse um assaltante, então decidiu aproximar-se e perguntar o que fazia ali.
O velho homem disse que trabalhava numa fábrica, num outro bairro da cidade e que se chamava Jim.
Disse que o almoço havia sido há meia hora atrás e que reservava o tempo restante para orar, que ficava apenas alguns momentos porque a fábrica era longe dali.
E disse a oração que fazia: 'Vim aqui novamente, Senhor, só para lhe dizer quão feliz eu tenho sido desde que nos tornamos amigos e que o Senhor me livrou dos meus pecados. Não sei bem como devo orar, mas eu penso em você todos os dias. Assim, Jesus, hoje estou aqui, só observando.'
O padre, um tanto aturdido, disse que ele seria sempre bem-vindo e que viesse à Igreja sempre que desejasse.
'É hora de ir' - disse Jim sorrindo.
Agradeceu e dirigiu-se apressadamente para a porta.
O padre ajoelhou-se diante do altar, de um modo como nunca havia feito antes.
Teve então, um lindo encontro com Jesus. Enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto, ele repetiu a oração do velho homem... 'Vim aqui novamente, Senhor, só para lhe dizer quão feliz eu tenho sido desde que nos tornamos amigos e que o Senhor me livrou dos meus pecados. Não sei bem como devo orar mas penso em você todos os dias. Assim, Jesus, hoje estou aqui, só observando.'
Certo dia, o padre notou que Jim não tinha aparecido. Percebendo que sua ausência se estendeu pelos dias seguintes, começou a ficar preocupado.
Foi à fábrica perguntar por ele e descobriu que estava doente. Durante a semana em que Jim esteve no hospital, a rotina da enfermaria mudou. Sua alegria era contagiante.
A chefe das enfermeiras, contudo, não pôde entender porque um homem tão simpático como Jim não recebia flores, telefonemas, cartões de amigos, parentes...
Nada! Ao encontrá-lo, o padre colocou-se ao lado de sua cama. Foi quando Jim ouviu o comentário da enfermeira: - Nenhum amigo veio para mostrar que se importa com ele. Ele não deve ter ninguém com quem contar!!
Parecendo surpreso, o velho virou-se para o padre e disse com um largo sorriso:
- A enfermeira está enganada, ela não sabe, mas desde que estou aqui, sempre ao meio-dia ELE VEM! Um querido amigo meu, que se senta bem junto a mim, Ele segura na minha mão, inclina-se na minha direcção e diz: 'Eu vim só para te dizer quão feliz eu sou desde que nos tornamos amigos. Gosto de ouvir tua oração e penso em ti todos os dias. Agora sou eu que te estou observando... e cuidando! '
Jesus disse: 'Se tendes vergonha de mim, também me envergonharei de vós diante do meu Pai.'

Jesus é sempre o melhor amigo.

(Mensagem recebida hoje por email)

HOJE… dar-me de novo!















Hoje dou comigo a olhar para trás…
A recordar os dias que já lá vão…
Os muitos dons que me deste… a paz…
Aquelas pessoas que comigo se cruzaram.

Hoje recordo tantos amigos…um dom Teu…
Aqueles que não soube acolher…perdão…
Por tudo agradeço… tudo o que aconteceu,
Voltada para o futuro… reconheço, nada foi em vão!

Mas hoje apetece-me olhar para trás…
Ver o que fiz e o que deixei por fazer…
Contigo conto e sei que sempre estarás…
Presença que me alenta e me faz ser...

Hoje senti que o sol nasceu de novo…
E com ele veio a luz e o calor…
Senti vontade de me dar de novo…
Ao mundo que busca um novo sabor!

Hoje me estendes a tua mão…
E eu a segurei com muita vontade,
Porque o sol nasceu no meu coração,
Encheu-me de coragem, luz e verdade…

Hoje e sempre, possa eu estar…
Atenta, a toda e qualquer mão estendida,
Desperta em mim a vontade de amar…
De me dar… sem contrapartida!

Te Cantarei, MAGNIFICAT!


Senhor

Neste momento me convidas a cantar

O hino de louvor da minha vida: MAGNIFICAT!

Como a tua Mãe, minha Mãe, nossa Mãe…

Te louvo meu Deus, Senhor da minha vida…

Sim, comigo Te fizeste e fazes encontrar…

Me surpreendes neste meu caminhar,

E me convidas a estar disponível, a amar…

Meu Sim, hoje, de novo, Te quero renovar!

Magnificat!

Te canto, a minha gratidão,

Te peço a vigilância do coração.

E a graça de uma confiante atenção…

À Tua infinita bondade,

Misericórdia e perdão!

Magnificat!

Sim, eternamente cantarei,

O Teu grande Amor, por nós!

A Tua presença, discreta no mundo,

Sempre actuante, inovadora,

Dinâmica libertadora,

De quem por Ti se apaixona

E ao Teu Espírito se abandona!

Magnificat!

Louvar-Te-ei eternamente,

Meu rochedo e verdade!

Digno de ser amado,

Caminho de eternidade

Sumo Bem… felicidade!

Ternura e bondade…

O abraço à humanidade!

Magnificat!

Te cantarei, Senhor,

Porque és força na fraqueza,

Riqueza na pobreza…

Luz que alumia,

Amor que envolve e sacia

Louvor, glória, alegria…

Meu Sim, de novo neste dia!...

Saber parar…



“Para tudo há um tempo debaixo dos céus:

Tempo para nascer e tempo para morrer,
Temp
o para procurar e tempo para perder,
Tempo para guardar e tempo para deitar fora” (Ecle 3,1.6).


Em tempo de férias é sempre oportuno reflectirmos sobre

o bem mais precioso da nossa vida: o tempo.
Perguntem
ao estudante que reprovou, quanto vale um ano!

Perguntem à mãe que teve o bebé prematuro, quanto vale um mês!

Perguntem aos namorados que não se viam há muito, o valor de uma hora!

Para perceber o valor de um minuto,

perguntem ao passageiro que perdeu o avião!

Para perceber o valor de um segundo,

perguntem a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente!

Assim nos mostra a vida como é precioso cada ano,

cada dia, cada hora ou fracção de tempo.

Será por isso que se diz que “o tempo é dinheiro”?

Ou será que o tempo, como a moeda,

se vai desvalorizando na nossa vida cronometrada do dia-a-dia?

E, no entanto, Deus dá-nos todo o tempo do mundo de graça.

De graça…


Os antigos consideravam

que a verdadeira ocupação do homem

era não fazer nada.


Os monges tentaram manter vivo este ideal do homem

ciente da sua vocação: não fomos criados para trabalhar,

mas para louvar o criador;

estamos neste mundo não para explorar a terra,

mas para cuidar do jardim da criação.

Reza e trabalha

(ora e labora),

foi a fórmula de equilíbrio

encontrada pelos

mestres espirituais

que sempre consideraram

o ócio e a contemplação

tão importantes como o trabalho.



Na escola, na família e na sociedade

preparam-nos para o trabalho,

mas não nos preparam para o ócio

nem nos ensinam a saber “perder tempo”.


Não nos faltam meios e propostas para matarmos o tempo,

em vez de nos ensinarem a arte de vivê-lo com sabedoria:

uns matam o tempo diante do televisor,

outros “ocupando os tempos livres”

para que nunca estejam livres;

outros em actividades radicais,

para que nunca cheguem

à raiz das coisas e dos problemas…

Matamos o tempo

para não nos cruzarmos com a morte,

e fugimos à morte

para não nos encontrarmos com a vida.

Passamos a vida a correr contra o tempo,

a lamentar-nos que “não temos tempo”,

quando afinal o tempo só nos foge

porque nós corremos contra ele.



Construímos vias rápidas e máquinas velozes

para ganhar tempo, mas é o tempo que foge

e passa depressa sem nos permitir

contemplar a paisagem de cada dia

e saborear as paragens

que a vida nos proporciona.

Tornamo-nos escravos do relógio

e cada vez sabemos

menos “a quantas andamos”.


Na ilusão de corrermos contra o tempo

estamos a correr contra nós,

pois não vivemos realmente

e acabamos por queimar o tempo e a vida.

Como é difícil valorizar o tempo presente

que Deus nos dá, vivendo o ritmo quotidiano da vida...


Os mais velhos continuam a sonhar com o passado

sempre “muito melhor” (no meu tempo é que era bom!),

enquanto os mais jovens vivem

obcecados com o futuro.

Vamos assim contando os dias e os anos

sem vivermos cada momento e cada dia:

uns sempre atrasados ou desactualizados,

outros tão avançados que parecem

viver n outro planeta e fuso horário.


Necessitamos de reaprender a arte do ócio,

de dar tempo a nós mesmos, à família, aos amigos.












Precisamos aprender a perder tempo com coisas “inúteis”:

pararmos a admirar o mistério do amanhecer,

saborear a brisa da madrugada que nos fala de Deus,

escutar a polifonia dos pássaros que cantam sem contrato,

ouvir o silêncio das criaturas e decifrar as mensagens das estrelas…


O tempo de férias constitui uma ocasião

propícia para acertarmos a vida

pelo relógio do sol e pelo ritmo das criaturas.

É o tempo em que podemos

tapar os ouvidos ao bater das horas,

para escutarmos mais as batidas do coração.


Longe de ser um tempo para “passar” ou mal gasto,

as férias deveriam ser o tempo bem empregue:

onde conseguimos arranjar agenda para nós

e para os outros; onde redescobrimos

que o dinheiro não é tudo,

que as melhores coisas da vida não se compram,

pois são grátis, são graça.


Longe de ser um tempo de evasão,

as férias deveriam ser tempo de encontro,

de reflexão, de avaliação;

deveriam ser uma ocasião para passarmos

do tempo de fazer (ter que fazer), para o tempo de viver,

o tempo de experiência da autenticidade e da criatividade;


Uma oportunidade para

passarmos das evasivas utopias

da máquina do tempo para

voltarmos a “ter tempo”

e a vivê-lo com magia e fantasia infantil.


Quem dera

que pelo menos

as nossas férias

fossem um tempo

da experiência

compartilhada

com o outro,

tempo favorável ao encontro,

tempo cheio de significados.


Como tão bem observou Marcel Proust:

“Uma hora não é uma hora, é um vaso

cheio de perfumes,

sons, projectos e climas”.


Uma vida não é vida se não for
assim:
cheia de perfumes,
sons, projectos e climas.


Pois, afinal, a vida não é o tempo

e os anos que vamos contando,

mas uma história de tempos,

lugares e encontros cheios de tudo isso.


Dizia a raposa ao Principezinho,

“foi o tempo que perdeste com

tua rosa que fez a tua rosa tão importante”.

Porque esta continua a ser uma verdade

esquecida dos homens, é importante

que haja quem saiba

e ensine a “perder tempo”

com o mais importante.

E o mais importante,
continua a ser
“criar laços” e
“deixar-se cativar”.