Numa casa perto da floresta vivia um lenhador muito
pobre. Ele tinha dois filhos: João e Maria. A mãe das crianças havia morrido e
o lenhador casara de novo com uma mulher malvada.
Uma noite a mulher queixou-se ao lenhador:
- A comida acabou e estamos sem dinheiro para
comprar mais. Só há um pouco de pão para dar às crianças amanhã cedo. Precisamos
abandonar os dois na floresta, pois não temos com que sustentá-los.
- "Abandonar?", perguntou o
lenhador, assustado. " Não pretendo fazer isto com meus filhos!"
Mas a mulher, que era feiticeira, ameaçou
transformar as crianças em sapos se o lenhador não concordasse. João e Maria
ouviram a conversa. Maria começou a chorar, com medo de ficar perdida na
floresta. João, que era muito esperto, teve uma ideia:
- Vou ao quintal apanhar umas pedrinhas para marcar
o caminho. Assim saberemos voltar.
Ouvindo isso, Maria ficou tranquila. João
saiu quietinho e encheu os bolsos de pedrinhas brancas. Na manhã do dia
seguinte João e Maria fingiram que não sabiam de nada. Quando sentaram à mesa
para tomar café, a madrasta lhes disse:
- Aqui está um pedaço de pão para cada um.
Guardem para o almoço, pois seu pai vai cortar lenha muito longe e nos vamos
com ele.
Puseram-se todos a caminho. 0 pai e a
madrasta iam na frente. As duas crianças ficaram mais para trás, e João ia
deixando cair as pedrinhas enquanto andava.
Quando chegaram ao meio da floresta, a
madrasta ordenou às crianças:
- Sentem-se aqui e comam o pão, enquanto vou
com seu pai cortar lenha. Não saiam daqui até voltarmos. Assim, o lenhador e a
mulher se afastaram, deixando João e Maria sozinhos no mato.
No dia seguinte as crianças foram levadas de
novo para a floresta.
Desta vez João não pôde ir ao quintal juntar
pedrinhas brancas: a porta estava fechada com ferrolho e ele não conseguiu sair
de casa. Mas deixou cair pedacinhos de pão para marcar o caminho. A madrasta
abandonou as crianças num lugar ainda mais longe. João não se preocupava,
porque tinha marcado o caminho para voltar.
Mas, quando ele e Maria procuraram os
pedacinhos de pão, nada encontraram: os passarinhos da floresta tinham comido
tudo!
- "Que vai ser de nós agora?",
perguntou Maria, choramingando de medo.
- "Vamos tratar de dormir", disse
João. "Amanhã daremos um jeito de voltar para casa."
Durante três dias e três noites as crianças
vagaram pela floresta, sem achar o caminho de casa. Onde havia uma casinha.
A casinha era feita de pão-de-ló, com telhado
de chocolate e janelas de pão-de-mel. João e Maria puseram-se a comer a casa,
até que uma voz gritou lá de dentro:
- Quem rói minha casinha?
Mas, no dia seguinte, tudo mudou. A velha
chamou os dois para irem ver o estábulo, e fechou João lá dentro!
- "Fique ai até virar um leitãozinho bem
gordo para eu comer", disse a velha, que era uma feiticeira.
- "E você", continuou a velha, falando
com Maria, "terá que cozinhar e fazer todo o serviço da casa!"
Maria ficou muito assustada e tratou de
obedecer.
Todos os dias a velha obrigava Maria a levar
comida para o irmãozinho.
Depois perguntava se João já tinha engordado.
Como a velha não enxergava bem,
Maria dizia que ele ainda estava muito
magrinho.
A velha cansou de esperar que João engordasse.
Um dia resolveu esquentar bem o forno e disse para Maria:
- "Vou assar pão. Ponha sua cabeça lá
dentro para ver se o forno já está bem quente."
- "Minha cabeça não cabe aí
dentro!", respondeu Maria. "Ora, cabe até a minha que é maior!",
disse a velha.
Maria fingiu que não acreditava. Quando a
velha meteu a cabeça no forno para mostrar como cabia, a menina deu-lhe um
empurrão e fechou a velha lá dentro!
Depois, mais que depressa, pegou a chave do
estábulo e correu a soltar o irmãozinho.
Maria contou a João que a velha escondia um
tesouro em baixo da cama.
Os dois puseram tudo num cofre e em seguida
fugiram levando as riquezas da bruxa.
Depois de andar muito pela floresta, João e
Maria chegaram em casa.
Encontraram o pai no quintal, chorando de
saudade deles. Os três se abraçaram, contentes por estar juntos novamente.
João e Maria mostraram ao pai o tesouro que
haviam trazido, com o qual não faltaria mais comida. O pai contou então que a
madrasta tinha caído no rio e morrera afogada. Assim os três nunca mais se
separaram e viveram sempre felizes.
-Adaptação
do conto dos Irmãos Grimm